Espaços que Nos Mantêm Inteiros

    Como muitas vezes acontece, certos textos caem em nosso colo exatamente quando precisamos deles. Nos últimos dias, meu estado de humor tem estado bastante frágil. O trabalho exige demais; lidar com pessoas é desafiador, e falo aqui dos colegas, não dos clientes. Os clientes chegam com expectativas claras sobre o serviço que prestamos. Os colegas, por outro lado, carregam o peso da convivência diária, cada um com suas diferenças, manias e perspectivas.

    Além disso, estar em um relacionamento parcialmente à distância acrescenta outro tipo de responsabilidade. Existe o desejo de mostrar comprometimento, de equilibrar o dar e o receber, e, às vezes, surgem conflitos sobre quem está se doando mais ou menos.

    Foi nesse contexto que, por acaso, encontrei a leitura de THE PROPHET, de Kahlil Gibran. Ainda nem terminei o livro, mas já me trouxe uma clareza incrível: não há nada errado no meu jeito de amar. Para alguém que teve tão poucos relacionamentos duradouros, percebo que estou no caminho certo.

    Gibran escreve: “Let there be spaces in your togetherness”. Aqui, ele deixa claro que não podemos perder nossa individualidade. Sempre valorizei isso: “Let the winds of the heavens dance between you”. É lindo sermos um, mas ainda mais importante é continuarmos sendo nós mesmos, cada um com sua essência.

    Essa leitura chegou como uma espécie de mensagem divina, tranquilizando-me. Alguém sábio já escreveu exatamente o que eu acreditava, reforçando que cuidar de si mesmo não diminui o amor pelo outro. O medo de perder alguém é natural, mas a perda de si mesmo é irreversível ou, ao menos, muito difícil de reverter.

    Adoro esses “acasos” da vida em que um livro não ensina, mas apenas respalda o que já sabemos. É como se dissesse: você está fazendo certo.

E, mudando de assunto, em um mês, a partir de hoje, sai meu single Let It Go. Até breve!