Não entendo o que se passa comigo... quero sair desse coma melancólico...

27/06/2014 23:27
Depois de amanhã...
 
 
    Meu Deus, o que é isso? Essa é a pergunta que tenho me feito todos os dias antes de dormir, assim que acordo e varias vezes durante o dia, estou introspectivo, não é a toa que nenhum de vocês tem me encontrado em lugar nenhum, pouco tenho saído de casa e criei uma rotina desgastante de não querer colocar meu rosto no mundo, logo eu que sempre fui excêntrico e louco por atenção.
 
    Verdade é que estou sem ânimo para os lugares, bares, baladas, amigos. Troquei todos eles por um mundo só meu e de algumas pessoas que ainda figuram dentro dele. Tenho sim vontade de reencontrar os amigos mais íntimos, para me sentir acolhido, porque é a única coisa que ainda me resta, amigos. 
 
    Estou prestes a lançar um álbum (cd) e nem sei como promovê-lo, porque me falta garras de ir atrás das portas que poderão me fazer um cantor bem sucedido, tudo que me vem a cabeça agora é como chegar ao dia seguinte sem fraquejar, sem escancarar na minha cara a sensação de fracasso, solidão e tristeza que me encontro. Sinto-me como um novo pobre, como se eu tivesse vivido anos como milionário e agora estou tendo que dividir um casebre numa favela com outros milhares de favelados, não que eu saiba o peso disso, uma vez que nunca fui rico, mas a alegria que eu compartilhava por ter algumas pessoas na minha vida se perdeu, junto a essas pessoas, que eram minha riqueza.
 
    Estou me sentindo órfão de afeto, e quando alguém quer me dar isso eu não quero receber, porque estou sem nada para dar em troca, sinto hoje que a tendência é eu me afastar das pessoas e elas de mim, porque eu estou frio, é preciso muita paciência para conviver esse meu momento de agora. Sinto pena das pessoas que estão tendo que conviver essa crise emocional que estou vivendo agora comigo, porque sei que está sendo doloroso para elas também, oferecer tanto e querer algo em troca que não vem, mas essa é a verdade, não tenho nada a oferecer a não ser esse meu silêncio inquietante, mas que esconde os gritos dentro de mim.
    
    Espero o tempo passar porque sei que tudo agora tem um novo ponto de partida, setembro, estou depositando nele o meu sucesso, é como se eu estivesse num grande coma e setembro é o dia em que eu voltarei a viver, sem lembranças, apenas eu e um novo mundo, que agora nem é mais tão novo assim, mas que promete grandes coisas que eu não me pouparei de obter. Estou ambicioso por coisas novas, olhares vazios, mas companhias concretas, sem cobranças e tudo que tiver de ser partilhado terá o sabor do momento e não isso que vivo agora que apenas vem de uma vontade que dure um pouco mais, sobreviva a mais um dia ou que se recupere algo perdido. Quero dias independentes, dias que comecem e terminem e que não exijam de mim nenhuma continuidade, estou muito triste, caralho*. Estou aos cacos e estou ferindo aqueles que estão tentando juntar os meus pedaços, eu sei, gostaria de fazer algo como forma de gratidão por eles ainda estarem aqui por mim, mas as vezes parece que para mim isso não importa, não eram essas pessoas que eu queria me estendendo a mão agora, eu queria aqueles que viram os meus primeiros passos, mas eles me abandonaram, deram as costas para quem deu a eles o sangue.
    
    Quero dormir e acordar e ver que tudo passou, que ficou para trás, mas eu segui em frente. Eu sou essa pessoa impaciente, que não consegue mais esperar as coisas, quer pular tudo e ver as coisas boas acontecerem de fato, o morno já não serve, eu quero sentir arder, quero ver a alegria queimar dentro de mim, essa morbidez da vida me dá nos nervos e eu não quero ter que assistir o mesmo filme, quero cenas novas, esses personagens já contaram sua história e já tiveram participação demais na minha história e o que eles fizeram se não me ferir? Sei que dessa plantação não há nada mais a colher, os vermes comeram tudo e eu não quero ficar aqui vendo a destruição total do meu campo, flores mortas, terra seca, tudo só trás dor, lamento, tristeza.
 
    Peço a Deus força para mais um dia e que eu consiga continuar driblando essa minha falta de vontade de viver que me acompanha hoje, é tudo muito triste, não consigo enxergar a alegria, mesmo quando ela vem estampada no rosto de alguém, tudo em mim agora é fingimento, é a busca do depois do amanhã, aquilo que ainda tem que aguardar para acontecer. Perdoem-me os que estão aqui agora vivendo na minha existência como meros encostos, sem poder fazer nada por mim, porque não podem, não há ninguém no mundo que possa me levantar desse estado que me encontro a não ser eu mesmo, mas para isso preciso me distanciar quilômetros e quilômetros, porque os olhos são portas para o coração, aquilo que eu vejo me machuca e enquanto feridas continuarem sendo reabertas jamais irei cicatrizar. Perdão meus amores, mas eu preciso abandoná-los por mim, para poder amá-los também. Se eu não fizer isso por nós, não poderei fazer mais nada por ninguém, nem por mim mesmo.
 
    Depois de amanhã, o distante, o momento que vai me levar embora de todas essas realidades que cicatrizam e reabrem a cada dia. Queira Deus que eu sobreviva até lá, porque eu não quero acabar os meus dias assim amargurado, quero sorrir, quero viver, quero reencontrar em pessoas motivos para fazer de mim uma pessoa melhor, para poder ter pessoas a minha volta que serão felizes pela minha existência, saber que eu não sou um suporte onde se pode sugar forças sem dar nada em troca, mas que sou um ser humano lindo, cheio de virtudes, granulado com alguns defeitos, pois bem, mas que vale muito a pena ter ao redor, sorrir junto, respirar o mesmo ar, compartilhar segredos. Quero ter certeza que existe alguém no mundo, independente dos motivos que nos une, a qual a minha existência seja crucial.
 
Com toda ternura,
Davy!

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